Integrador, uma das decisões de engenharia mais impactantes que você tomará em um projeto fotovoltaico é a escolha da tecnologia do inversor. Essa não é uma questão de preferência pessoal, mas uma decisão técnica que afeta diretamente o desempenho, a segurança, a flexibilidade e a rentabilidade do sistema para o seu cliente.
Este guia vai além da superfície, oferecendo uma análise técnica comparativa entre as tecnologias de Microinversor e Inversor String (ou Central), para que você possa especificar a solução ideal para as condições únicas de cada instalação.
1. Fundamentos Técnicos: Como Cada Tecnologia Opera?
Entender a arquitetura de cada sistema é o primeiro passo para uma especificação correta.
Inversor String (Central):
Arquitetura: Nesta topologia, os módulos fotovoltaicos são conectados eletricamente em série para formar uma "string". Essa string gera uma alta tensão em corrente contínua (VCC), que é levada por cabos até um único inversor central.
Operação: O inversor possui um ou mais rastreadores de ponto de máxima potência (MPPTs). Cada MPPT gerencia uma ou várias strings, buscando o ponto de operação ótimo para o conjunto de todos os módulos conectados a ele. Se um único módulo na string for afetado por sombreamento ou sujeira, seu desempenho reduzido limita a corrente de toda a string, impactando a geração geral.
Componentes Adicionais: String Box (caixa de junção), que agrupa as proteções de corrente contínua (fusíveis ou disjuntores e DPS).
Microinversor:
Arquitetura: É uma abordagem modular. Um pequeno inversor é instalado diretamente sob a parte de trás de cada módulo fotovoltaico (ou para cada 2 ou 4 módulos, dependendo do modelo).
Operação: Cada microinversor possui seu próprio MPPT individual. Ele converte a energia de corrente contínua (CC) para corrente alternada (CA) diretamente no telhado. A energia de todos os microinversores, já em CA, é então agregada em paralelo e conectada diretamente ao quadro de distribuição do cliente.
Impacto: Como cada módulo é otimizado individualmente, o sombreamento, a sujeira ou a falha de um módulo não afeta o desempenho dos outros. Não há "efeito gargalo".
2. Análise Comparativa: Fatores Críticos para a Decisão do Integrador
Utilize esta tabela como um checklist técnico para avaliar qual tecnologia se adequa melhor a cada cenário:
Link planilha:
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1nkqw48uNys8BmOWKaJFszqEq5v4hcQvfMWPlxvhn_34/edit?usp=sharing
3. O Cenário Ideal para Cada Tecnologia: Guia Rápido de Decisão
Link da planilha:
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1MShaPb8oTzsT2phaaY6r5kxEMMdcbp1PFRMGHCEvEIA/edit?usp=sharing
4. O que Muda na Prática da Instalação?
Com Inversor String: Seu foco técnico estará no cálculo e dimensionamento das strings. Você precisa respeitar os limites de tensão (VOC) e corrente (ISC) do MPPT do inversor, considerando a variação de temperatura local. A instalação da String Box e a passagem de eletrodutos para cabos CC são etapas críticas.
Com Microinversor: O desafio muda para o layout físico no telhado. Você trabalhará com o "cabo tronco" (Q-Cable) para conectar os microinversores em paralelo e precisará planejar a topologia dessa rede AC. A etapa crítica passa a ser a configuração do gateway de comunicação (DTU), que conecta o sistema à internet para monitoramento.
Conclusão: A Escolha Inteligente é Baseada em Análise, Não em Preferência
Não existe um "vencedor" absoluto na disputa entre Microinversor e Inversor String. Existe a solução de engenharia mais adequada para um determinado problema.
Como integrador profissional, seu grande valor está em sua capacidade de diagnosticar as condições do projeto: sombreamento, layout do telhado, necessidades do cliente, requisitos de segurança, e especificar a tecnologia que entregará o melhor resultado técnico e financeiro a longo prazo. Fazer essa análise corretamente não apenas garante a satisfação do seu cliente, mas consolida sua reputação como um especialista que entrega não apenas um sistema, mas a melhor engenharia possível.